Questões como bullying e racismo são temas de peça teatral assistida por estudantes da Rede Municipal de Ensino de São Francisco do Conde

A Arte e a Educação andam de mãos dadas na Rede Municipal de Ensino de São Francisco do Conde, afinal o acesso ao conhecimento e ao aprendizado vai além das páginas do livro. Assim, na última quinta-feira (12), estudantes da Escola As Três Marias assistiram ao espetáculo Tati Búfala, Teatro SESC/ SENAC, no Pelourinho, em Salvador, que proporcionou diálogos e reflexões sobre bullying, racismo e desigualdade social, estimulando o reconhecimento identitário e o respeito às diferenças.

De acordo com a professora Flávia Querino, a ida dos alunos do 5° ano ao teatro foi um momento de enriquecimento cultural e fortalecimento da luta em prol de dias melhores. “Estamos vivendo um contexto político em que as agressões/assédios aos diferentes grupos étnicos têm se intensificado e essas discussões precisam adentrar os espaços educativos. Logo, os alunos tiveram a oportunidade de visualizar através da arte temáticas como: racismo, família, bullying, preconceitos, dentre outros, que não estão distantes de suas realidades”, disse. “O papel da arte, além de motivar risos e encantamentos, também é entrar na lógica da desordem ao gritar aos nossos ouvidos a necessidade de sermos RESISTÊNCIA. A peça teatral recebeu os aplausos dos alunos de São Bento das Lajes, mas, acredito que, cumpriu sua função política, social e cultural de propor um novo olhar e modificar suas realidades”, continuou.

Já a professora Irleide Almeida Conceição declarou que foi de grande valia a atividade extraclasse, pois “os educandos perceberam de forma lúdica a questão do preconceito e o racismo que vem mascarado de várias formas. Os alunos externaram sentimentos de confiança, se perceberam e visualizaram no palco, a sua comunidade São Bento das Lajes. Eles ficaram encantados pelo espetáculo emocionante, que levou a questionarmos fatos que muitas vezes passam despercebidos, como o bullying. Esperamos que aconteça mais vezes esse projeto. Ficamos felizes e agradecemos a Secretaria da Educação pela oportunidade de prestigiar esse grandioso espetáculo”.

Na trama, Tati é uma adolescente negra, moradora da periferia de Alagoinhas, que vive às voltas com o bullying e o racismo enfrentados diariamente. A peça, que tem texto de Gabriel Matos e direção de Luid Prins, se passa na década de 80. Ela é uma montagem conjunta do Grupo de Teatro da Polícia Militar da Bahia com o Grupo Teatral Junto e Misturado, composto de 10 jovens/atores oriundos do projeto Vidas em Cena, da Base Comunitária de Segurança Pública da Itinga, Lauro de Freitas – Bahia. A proposta da união é mostrar que polícia e comunidade podem conviver juntas e propagar o bem.

Confira alguns depoimentos dos estudantes, após a apreciação teatral, demonstrando o quanto a experiência foi marcante e mobilizadora de profundas reflexões:

Os amigos dela chamavam ela de Búfala, mas ela desenhava muito e aprendeu que não era aquilo e também entendeu sobre o racismo. A gente não deve ser racista e nem dar apelidos porque machuca e a gente não sabe o que a outra pessoa sente por dentro. Eu tinha visto teatro na escola, mas nunca tinha visto um teatro assim pessoalmente. Só no celular! (risos). Eu também gostei da dança porque tem vários elementos afro e da cidade”, declarou Fabiana Santos Vilarino, que tem 11 anos de idade.

Já Maiane Vitória da Graça dos Santos, também de 11 anos, confessou ter se “arrepiado toda!” com o espetáculo. “O que eu mais gostei foi da personagem Tati Búfala. Gostei muito de quando ela falou que somos todas Tati Búfala. Precisamos nos orgulhar do que nós somos e ter a força de um búfalo. Foi bom, foi maravilhoso! Também gostei muito da dança afro. Além disso, achei impressionante que mesmo ela sofrendo bullying pelos colegas, ela ainda ajudou outras pessoas quando precisaram dela. Foi muito bom e quero ver cada vez mais!”.

Nas palavras de Jaiane Vitória dos Santos, que tem apenas 10 anos de idade, a ida ao teatro “foi muito legal. Estou aqui pensando como eles gravaram tudo. São várias peças e bem legais. É muito incrível e parece até realidade. Eu achei impressionante! Para mim, o momento mais marcante foi na hora em que eles estavam abusando dela e jogaram o seu rádio no chão. Ela chorou muito, mas disse que não vai parar de desenhar por causa deles. Eu gostei muito porque ela ficou forte naquela hora”.

Neilane da Hora Miranda, que tem 11 anos, gostou tanto que quer que a sua mãe também assista a peça: “eu gostei muito de tudo. Dos atores, dos personagens… ah, foi muito importante! Minha primeira vez ao teatro e vou recomendar a minha mãe para vir também. A cena mais marcante foi quando os colegas chamavam ela de búfala. Isso me marcou muito porque não só acontece com ela, e sim com outras pessoas lá na escola também.


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