Secretaria da Saúde orienta sobre prevenção a escorpiões
08/08/2017 Notícias , SaúdeA Secretaria Municipal da Saúde – SESAU, de São Francisco do Conde, por meio da Vigilância Epidemiológica, orienta a população sobre prevenção e controle de escorpiões e procedimentos a serem adotados diante de acidentes provocados pelo animal, em função da existência de escorpiões amarelos terem sido encontrados em praticamente todos os bairros do município. Crianças e adultos, vítimas de picadas de escorpião, devem ser encaminhadas para atendimento médico de emergência no PA de Muribeca ou no Hospital Docente Assistencial Célia Almeida Lima – HDACAL. Os casos que necessitarem de soro antiescorpiônico serão direcionados para os hospitais de referência em Salvador.
Situação Epidemiológica
No Brasil, em 2016, segundo dados do Ministério da Saúde, foram registrados 90.119 acidentes escorpiônicos, resultando em 138 óbitos. Em Minas Gerais, estado com maior ocorrência, foram registrados 21.548 acidentes com 41 óbitos. A Bahia ficou em 2º lugar com 9.249 acidentes, resultando em 30 óbitos, ou seja, os referidos estados registram 34,17% dos acidentes e 51,45% dos óbitos de todo o país. Em São Francisco do Conde, em 2016, foram registrados 07 acidentes e, em 2017, até o dia 15 de julho, foram 06 acidentes, e não houve óbitos causados por escorpião.
Diagnóstico
Não existem exames laboratoriais para confirmação do diagnóstico. A picada por escorpião leva a dor no local, de início imediato e intensidade variável, com boa evolução na maioria dos casos. Porém, crianças podem apresentar manifestações graves, como náuseas e vômitos, alteração da pressão sanguínea, agitação e falta de ar.
O animal
Escorpiões são artrópodes (pernas articuladas) pertencentes à Classe Arachnida (por apresentar quatro pares de pernas) e Ordem Scorpiones, de distribuição geográfica bastante ampla, estando presentes em todos os continentes, exceto na Antártica. Atualmente, ocorrem 19 famílias distribuídas em todo o mundo. Os gêneros que causam os mais graves acidentes são: Androctonus e Leiurus (África setentrional), Centruroides (México e Estados Unidos) e Tityus (América do Sul e Ilha de Trinidad). No Brasil ocorrem quatro das 19 famílias existentes, sendo que apenas a Família Buthidae, que contém as espécies do gênero Tityus, apresenta espécies de importância em saúde pública.
Na Bahia são encontrados:
– Tityus. serrulatus (escorpião-amarelo): com ampla distribuição em todas as macrorregiões do país, exceto na região Norte e no estado do Rio Grande do Sul, representa a espécie de maior preocupação em função do maior potencial de gravidade do envenenamento e pela expansão em sua distribuição geográfica, facilitada por sua reprodução partenogenética (a capacidade do óvulo se desenvolver sem ter sido fecundado pelo gameta masculino) e fácil adaptação ao meio urbano;
– Tityus bahiensis (escorpião-marrom): encontrado na Bahia e regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul do Brasil;
– Tityus. stigmurus (escorpião-amarelo-do-nordeste): espécie mais comum do Nordeste, apresentando alguns registros nos estados do Paraná e Santa Catarina.
Em São Francisco do Conde a espécie mais encontrada é Tityus. serrulatus (escorpião-amarelo).
Acidente escorpiônico ou escorpionismo é o quadro de envenenamento provocado pela inoculação de veneno através de aparelho inoculador (ferrão ou télson) de escorpiões.
De acordo com a distribuição das espécies de escorpiões encontradas no país, pode haver variação regional nas manifestações clínicas. Porém, de modo geral, o envenenamento escorpiônico determina alterações locais e sistêmicas, decorrentes da estimulação de terminações nervosas sensitivas, motoras e do sistema nervoso autônomo. A grande maioria dos acidentes é leve e o quadro local tem início precoce e duração limitada, no qual adultos apresentam dor imediata, eritema (vermelhidão cutânea) e edema leves, piloereção (pelos ou cabelos em pé) e sudorese localizadas, cujo tratamento é sintomático. Já crianças abaixo de 7 anos apresentam maior risco de alterações sistêmicas nas picadas por Tityus. serrulatus, que podem levar a casos graves e requerem soroterapia específica em tempo adequado.
Os escorpiões medem de 5 a 7 cm de comprimento, são terrestres, tem hábitos noturnos. Durante o dia se escondem sob cascas de árvores, pedras, tijolos, troncos podres, madeiras empilhadas, fendas, muros e porões, além de locais onde se acumula o lixo doméstico. Podem ser encontrados em ambientes diversos e situações adversas. São carnívoros e alimentam-se principalmente de insetos e aranhas, com preferência por baratas. Por isso, a importância de se combater o aparecimento desses insetos, que se tornam atrativos para os escorpiões. Dentro das casas, a atenção, em especial, deve ser com ralos e caixa de gordura, pois os escorpiões procuram locais escuros. São mais ativos durante os meses quentes do ano, mas em épocas de muita chuva podem sair em busca de abrigo em áreas secas e residências. Os principais predadores são camundongos, macacos, quatis, sapos, lagartos, corujas, galinhas, algumas aranhas, formigas, lacraias, além dos próprios escorpiões. Um escorpião vive, em média, quatro anos. Ao longo da sua vida, poderá gerar até 168 filhotes.
Evite acidentes:
– Verifique cuidadosamente calçados, roupas, toalha e roupas de cama antes de usá-los.
– Limpe periodicamente ralos de banheiro, cozinha e caixas de gordura.
– Mantenha camas e berços afastados, no mínimo, dez centímetros da parede.
– Evite que lençóis toquem no chão.
– Feche frestas nas paredes, móveis e rodapés para que não sirvam de esconderijo para os escorpiões.
– Use telas nas aberturas dos ralos, pias e tanques.
– O acidente ocorre, geralmente, quando a pessoa encosta a mão ou pé no escorpião.
– Usar luvas de raspa de couro ou similar e calçados fechados durante o manuseio de materiais de construção, transporte de lenha, madeira e pedras em geral.
-Tomar cuidado especial ao encostar-se a locais escuros e úmidos e com presença de baratas.
Evite a presença dos escorpiões:
– Não deixe acumular lixo e entulho nos quintais, jardins, terrenos baldios e ao redor das residências.
– Evite a formação de ambientes favoráveis ao aparecimento dos escorpiões como restos de obras, materiais de construção e terraplanagem, que possam deixar acúmulo de entulho, superfícies sem revestimento, umidade, etc.
– Coloque o lixo em sacos plásticos fechados para evitar baratas e outros insetos.
– Mude, periodicamente, de lugar materiais de construção que estejam armazenados e lembre-se de proteger as mãos com luvas grossas na realização do trabalho.
– Retire de paredes e muros plantas ornamentais densas, arbustos e trepadeiras.
– Elimine fontes de alimento para os escorpiões (baratas, aranhas, grilos e outros pequenos animais invertebrados).
– Limpe terrenos baldios das redondezas dos imóveis ocupados.
– Evite a prática de queimadas em terrenos baldios, pois desalojam os escorpiões, entre outros animais.
– Preserve os inimigos naturais dos escorpiões, especialmente aves de hábitos noturnos, como corujas, lagartos, sapos, etc; assim como, lagartixas e galinhas.
– Mantenha jardins e gramados aparados e bem cuidados.
Como proceder em caso de acidente?
As medidas devem ser adotadas de imediato e o tratamento instituído o mais rápido possível após o acidente. O que fazer?
- Limpar o local com água e sabão.
- Procurar orientação médica imediata e mais próxima do local da ocorrência do acidente (UBS, posto de saúde, hospital de referência).
- Se for possível, capturar o animal e levá-lo ao serviço de saúde, pois a identificação do escorpião causador do acidente pode auxiliar o diagnóstico.
- Em alguns casos, o médico poderá indicar o uso de soro antiescorpiônico para tratar os acidentes.
O que não fazer?
- Não amarrar ou fazer torniquete.
- Não aplicar nenhum tipo de substâncias sobre o local da picada (fezes, álcool, querosene, fumo, ervas, urina), nem fazer curativos que fechem o local, pois podem favorecer a ocorrência de infecções.
- Não cortar, perfurar ou queimar o local da picada.
- Não dar bebidas alcoólicas ao acidentado ou outros líquidos como álcool, gasolina, querosene, etc, pois não têm efeito contra o veneno e podem agravar o quadro.
Sintomas por tipos de acidentes:
Nos acidentes considerados leves, a pessoa apresenta inchaço, vermelhidão, calor e pelos eriçados no local da picada. Nos casos moderados, somam-se sintomas como vômitos, náuseas, hipertensão e taquicardia. Os acidentes graves podem provocar vômitos intensos e frequentes, muita sudorese, agitação, aumento ou diminuição da frequência cardíaca, arritmias, contrações musculares, edema e choque.
Não é aconselhável usar veneno para combater os escorpiões, porque o desalojamento temporário pode favorecer a dispersão dos focos e o aumento da população do animal.
É importante que a população, ao encontrar escorpião no entorno ou dentro do domicilio, não tentem capturar, pois há o risco de um acidente, devendo o morador entrar em contato com a Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde para que seja encaminhado um Agente de Saúde para realizar avaliação no local e passar as devidas orientações.