Aprendendo através da dança: alunos da Rede Municipal de Ensino participam de workshop com dançarina internacional
27/09/2019 Educação , NotíciasO auditório 02 de Julho se transformou em uma sala de espetáculos na última quinta-feira (26). Os alunos do Instituto Municipal Luiz Viana Neto, além de apreciarem ao sólo PATHU YA’AX, aprenderam um rico conteúdo sobre dança contemporânea e a situação de mulher migrante, com a dançarina e cientista política Carolina Mahecha Quintero.
Carolina é colombiana e faz doutorado na França, na Université Toulouse-Jean Jaurès. À convite da gerência de Arte-Educação da Secretaria Municipal da Educação – SEDUC, ela ministrou o Workshop de Dança Entre Lugares: Reinventando Corporalidades Dançadas nas Práticas Criativas da Diáspora, onde reuniu experiências com o corpo e uma descrição do seu processo criativo.
“Gostei muito da experiência porque eles estiveram muito dispostos na proposta de aproximação de um outro jeito com o seu corpo. As diferenças culturais foram um fator de aproximação com os estudantes que estão na fase da adolescência”, comentou Carolina que, pela primeira vez, dançou para um público tão próximo, “o que provocou uma ressignificação da obra”.
Para Dailane Vitória Anunciação dos Santos, que tem 13 anos de idade, “a experiência foi boa, pois através da dança podemos expressar os nossos sentimentos e lançar a nossa vida. Eu gostei muito da apresentação e da aula prática, algo novo, porque não sou de dançar. Eu aprendi muito com isso, e agora eu descobri que eu posso dançar, que eu tenho potencial. Agora eu quero mais (risos)! Eu quero muito mais da dança, agora!”.
Depois da apresentação, a professora de dança descreveu o processo criativo do espetáculo, pontuando alguns momentos de sua situação como mulher migrante, nas passagens que teve pelo Brasil e agora na França. Sobre sua terra-natal, ela falou ter enfrentado um ocultamento político. No Brasil, o que mais a influenciou foram as águas, doces e salgadas. “Mexeu muita coisa dentro de mim. A força da água expressa dentro do meu corpo, capaz de colocar para fora os impulsos”. Na França, a relação da terra com a água e a necessidade de se tornar pedra para poder resistir na luta, como mulher migrante, em uma perspectiva do feminismo deocolonial.
“Muito interessante conhecer outra cultura, uma dança diferente e outras formas de expressar o nosso corpo e como os nossos sentimentos podem se expressar através da dança. Gostei muito da apresentação da professora. Gostei muito da parte que a gente se locomoveu em todos os espaços e pelo chão. O espaço é grande e a gente consegue trabalhar o nosso corpo livremente, sem preocupação em se machucar. Gostei muito de conhecer uma dança nova, uma cultura diferente”,declarou a aluna Maria Eduarda Rocha Campos Oliveira, com seus 14 anos idade.
Um outro aprendizado proporcionado aos estudantes, foi a relação do corpo com os problemas emocionais. “Muitas vezes não sabemos que o emocional deixa marcas no corpo e isso somatiza em forma de doença. Para lidar com isso, não basta o racional, mas é preciso estudar o corpo e ver como isso pode equilibrar o emocional”, disse a professora.
“A aula foi muito interessante por proporcionar uma nova forma de expressar o meu corpo e os meus pensamentos. Na apresentação, o jeito dela se expressar mexeu muito comigo”,revelou o jovem de 15 anos, Felipe Mesquita Santos.
A pesquisadora também lembrou que é nas articulações que guardamos os bloqueios emocionais sofridos. “É ali que se conectam uma parte do corpo com a outra. Para que passe o fluxo é preciso desbloquear essa articulação, liberando e produzindo um movimento e distensão”. Por fim, Carol afirmou que “ser mulher não pode partir de um estereótipo, mas no como você quer se construir”.
Segundo Geovana Gabriele dos Santos Machado, que também tem 13 anos, o workshop foi uma grande oportunidade de aprendizado. “Eu gostei que a gente pôde se expressar e trabalhar com o nosso corpo. Muito bom fazer dança com outros movimentos, sentados, deitado no chão e com movimentos bem leves. Gostei porque a gente pôde fazer os nossos próprios movimentos. No início foi diferente (risos), por ela falar uma língua diferente, mas logo a gente foi entendendo, pelos movimentos no corpo, pelas expressões corporais, pela dança. Também foi bom porque os meus amigos viram que não há só o pagofunk que a gente dança. Há outras danças que a gente pôde conhecer… não só o funk que resume a dança”.