DEPIR promoveu Audiência Pública contra Intolerância Religiosa na Câmara de Vereadores

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Na última quinta-feira, dia 21 de janeiro, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEDES, promoveu uma Audiência Pública na Câmara de Vereadores para discutir, informar, interagir e formar um censo crítico sobre o respeito e a intolerância religiosa. O evento foi realizado através do Departamento de Promoção da Igualdade Étnico Racial – DEPIR e em parceria com a Câmara Municipal de São Francisco do Conde.

Na mesa solene estiveram: o coordenador do DEPIR – Samuel Azevedo; o representante da SEPROMI – Secretaria Estadual de Promoção de Igualdade Racial – Ailton Ferreira; representando a Igreja Católica – Valdelice do Nascimento dos Santos; o pastor Gláucio Melo; a assessora do deputado estadual Bira Coroa – Lindinalva de Paula e Pai Alex, representando o terreiro Mucongo e Leonel Monteiro da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro – AFA.

Durante o evento, Pai Alex fez um depoimento sobre uma situação de intolerância que sofreu no município. “Eu não gosto de falar em intolerância religiosa, não gosto desse termo, pra mim intolerância é ódio religioso e eu não cultuo o ódio, eu cultuo o amor. Há um ano, o local que eu utilizo para o culto da minha religião, foi invadido por evangélicos, que proibiram o acesso. Isso vai de encontro ao direito de ir e vir garantido pela legislação. Árvores centenárias foram cortadas, uma fonte natural foi lacrada para que nós não pudéssemos cultuar nossos orixás. Ficamos proibidos de acessar o local, porque eles dizem ser uma propriedade particular, mas não apresentam a titularidade de terra que comprove essa propriedade que eles dizem ter. E, na semana passada, quando fomos arriar nossa oferenda fomos recebidos com muita agressividade, eles disseram que se voltássemos lá, eles iriam nos receber com bala. Fui na delegacia, prestei queixa e também registrei no DEPIR. Eu quero que quem é de direito resolva essa situação, porque eu só quero professar minha fé”, finalizou Pai Alex.

O evento foi promovido no dia 21 de janeiro, data que marca o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data foi instituída visando coibir atitudes discriminatórias e homenagear Mãe Gilda – símbolo de um dos casos mais marcantes de preconceito religioso no país. Em 2007, foi sancionada a Lei nº 11.635, que faz do 21 de janeiro o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. A data é celebrada por todos os praticantes das religiões de matriz africana e serve ainda como reflexão e motivação na busca pela liberdade do culto religioso e combate ao racismo.

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O limite da intolerância – Em outubro de 1999, o Brasil testemunhou um dos casos mais drásticos de preconceito contra os religiosos de matriz africana. O jornal Folha Universal estampou em sua capa uma foto da Iyalorixá Gildásia dos Santos – a Mãe Gilda – trajada com roupas de sacerdotisa para ilustrar uma matéria, cujo título era: “Macumbeiros charlatões lesam o bolso e a vida dos clientes”.  A casa da Mãe Gilda foi invadida, seu marido foi agredido verbal e fisicamente, além disso, seu terreiro foi depredado por evangélicos. Mãe Gilda não suportou os ataques e, após enfartar, faleceu no dia 21 de janeiro de 2000. Uma audiência pública instituiu o 21 de janeiro como Dia Nacional de Combate a Intolerância Religiosa.

 

 

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