Encontro Mulheres Negras na Construção da Igualdade Racial e de Gênero aconteceu em São Francisco do Conde
A manhã desta quinta-feira, dia 07 de maio, foi um marco na história das mulheres negras de São Francisco do Conde. A cidade sediou o Encontro Mulheres Negras na Construção da Igualdade Racial e de Gênero, promovido pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social – SEDES, através do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR), tendo como palco a Câmara de Vereadores. A realização do evento foi também uma parceria com o EMUNDE – Encontro Mundial de Étnico Empreendedores, com apoio da Câmara Municipal; a Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH); a Rede de Mulheres Negras da Bahia e a Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB).
A mesa de abertura reuniu lideranças políticas da cidade e mulheres empreendedoras, cujas falas foram carregadas de incentivos ao empreendedorismo da mulher na profissão, como pessoa e como cidadã para construção de uma sociedade melhor e mais digna para todos. Na mesa de abertura estavam presentes: Ana Bispo, coordenadora da Área de Gênero do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR) e articuladora em São Francisco do Conde/Rede de Mulheres Negras da Bahia; Antônia Ceva – Rede de Desenvolvimento Humano (REDEH); Angélica Paixão – representante do Encontro Mundial de Étnico Empreendedores (EMUNDE), Eliezer de Santana e Arlete Medeiros – vereadores da cidade; o secretário de Governo, representando o prefeito de São Francisco do Conde – Evandro Almeida; Paulo Sérgio de Proença – coordenador do curso de Letras da UNILAB.
Em discurso, Antonia Ceva, da REDEH, falou sobre a acolhida dos baianos e deu um breve relato sobre a vida, lutas e histórias fascinantes da vida de Lélia Gonzalez, grande homenageada do evento. “Nós mulheres somos invisibilizadas na história”. Por este motivo ela apresentou aos presentes o projeto Memórias, que relata grandes feitos de nomes da literatura brasileira. Já Angélica Paixão, do ENUNDE, afirmou: “eu ouvia de uma pessoa que me amava muito que eu era preta, feia e deveria procurar o meu lugar. Essa pessoa era a minhã mãe, que tinha medo de que eu passasse pelas mesmas adversidades que ela viveu. Minha mãe achava que eu ficaria mais protegida do preconceito me escondendo”, relatou. Ela também ressaltou que São Francisco do Conde é uma cidade atípica, que não reflete o resto do país, pois aqui muitos negros ocupam cargos de poder e o preconceito não é algo enraizado.
Ana Bispo, DEPIR, lembrou que essa luta é antiga da população negra e lembrou da saudosa prefeita Rilza Valentim (in memoriam) que segundo Ana é: “uma inspiração para todos nós. A trajetória de Rilza não é diferente de tantas outras mulheres negras que lutaram para fazer o seu melhor. Isso mostra que podemos fazer a diferença também. Rilza tinha como diferencial o fato de pensar em seu povo, sendo assim ela criou tantas coisas boas como o PAS, Educa Chico Defeso Inverno, graças a esse olhar sensível dela”, completou. Ela também lembrou da importância pela busca de informação. “Muitas mulheres aqui de São Francisco do Conde não sabem que contam com uma Delegacia da Mulher para prestar queixa em caso de agressão”, salientou.
Na sequência, o evento continuou com a fala de Queila Rosa, presidente da ABRAS (Associação Áustrio Brasileira para Desenvolvimento e Fomento da Cultura, Educação e Integração Social), que fica na Austrália. “O que nós fazemos é o empoderamento dos estrangeiros no exterior, afirmando seu papel enquanto imigrante, pois a cultura é o nosso cartão de visitas”.
Samuel Azevedo – Coordenador do Departamento de Promoção da Igualdade Racial (DEPIR) também fez parte do segundo momento do evento e participou ativamente das discussões.
Os participantes da mesa ganharam um kit sobre Lélia Gonzalez e todos assistiram a exibição de um vídeo documentário. No local ainda houve o lançamento do livro da editora Garamond – Políticas de Promoção da Igualdade Racial: 1986 a 2010 – Matilde Ribeiro – Professora da UNILAB e integrante do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) e uma exposição sobre a homenageada na área da Câmara.
