Violência contra a mulher e empoderamento feminino são temáticas do Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha


Marcado por diálogos voltados à explanação sobre violência doméstica contra a mulher, com a capitã Alcilene Coutinho, e empoderamento feminino e autoestima com a sexóloga Raquele Carvalho, o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, celebrado neste 25 de julho, foi, no mínimo, esclarecedor para o público da Associação de Moradores de Paramirim, formado em sua maioria por mulheres.

A anfitriã do evento, a secretária de Direitos Humanos, Cidadania e Juventude, Luciana Araújo, abriu o evento agradecendo pela participação de homens e mulheres em busca da mesma causa e falou da alegria de levar essa abordagem a comunidade. “Esse dia foi pensado com muito carinho, de forma coletiva, para que se tornasse um momento muito gratificante e de conhecimentos para a gente. Além de comemorarmos o Dia da Mulher Latino, também estamos celebrando ao Dia de Teresade Benguela, que muito nos representa”.

Em seguida, Hozana Chaves, presente à mesa como representante da Associação de Moradores local, revelou a necessidade de mais eventos como esse serem promovidos nas comunidades e pediu a atenção de todos para as dicas que seriam passadas no decorrer da ação, afinal, “lugar de mulher é onde ela quiser”, disse em reprodução a máxima que vem ganhando espaço nos movimentos de luta pela igualdade de gênero.

Depois, representando o prefeito Evandro Almeida, o vice-prefeito e secretário de Governo Carlos Alberto Bispo Cruz (Nem do Caípe), falou sobre a necessidade de mais mulheres ocuparem os espaços de poder, ao mesmo tempo em que reconhece que a atual gestão foi a que mais oportunizou as mulheres nesse sentido. “A gestão Evandro Almeida é a que mais valorizou as mulheres em cargos públicos. Nunca se teve um secretariado com tantas mulheres e competentes”. Durante sua fala, o gestor trouxe o exemplo de sua mãe para mostrar apoio a causa. “Tenho muito respeito por todas as mulheres, até porque eu tenho uma história de vida muito difícil com a minha mãe. Sei da dificuldade dela para nos sustentar e nos criar e eu defendo muito essa bandeira da mulher. Nós, homens, temos que lutar para dar mais espaços a elas”, enfatizou.

Abertas as palestras, a capitã da Polícia Militar, Alcilene Coutinho, levantou uma série de questionamentos que tratam do cotidiano das relações entre os casais, além de exemplificar as situações tipificadas por crime de violência contra a mulher. “O fato da violência contra a mulher ser tão comum faz dele normal?“, indagou.. “Então, porque isso acontece com tanta frequência?”, questionou outra vez. Entre as contribuições da plateia e as trocas de informações, a capitã considerou aspectos diversos para a causa. “Pouco tempo atrás da nossa história, quando se falava na mulher ocupar espaços no campo de trabalho, a mulher negra já trabalhava. E sabe onde? Na casa da mulher branca. Não somos iguais. Nem homens e mulheres, nem mulheres e mulheres e nem homens e homens. O que nos reúne é que todas nós, mulheres, sejamos brancas, negras ou amarelas, estamos sujeitas a sofrer violência, pelo simples fato de ser mulher”.

A capitã aprofundou a questão do gênero com atitudes construídas desde o nascimento de cada um de nós. “O problema não está nas diferenças, mas sim quando essas diferenças produzem desigualdades e te limitam, dizendo que aquele espaço não pertence a você. Isso é uma construção feita por nós, nossa sociedade, do que é ser homem e do que é ser mulher, nós pensamos em papéis. Por exemplo: eu vejo um monte de gente moderna, mas quando faz um chá de revelação, qual é a cor que tá lá? É sempre rosa ou azul. Então, observem que nas pequenas coisas somos marcados por aquilo que é próprio de homem e de mulher”.

Ainda considerando os aspectos de gênero impostos pela sociedade, capitã Alcilene trouxe outro fato relevante para que a ocupação de espaços de poder se deem, em sua maioria, por homens. “Nos pequenos símbolos já dizemos quais espaços aquele menino ou menina vão ocupar. Utilizando-se as festas de aniversário, por exemplo, em se tratando de menino, o cenário é de carros e super heróis, enquanto que no da menina é boneca, cozinha, casinha. Tem problema aí? Não, mas, ainda que sem querer, estamos colocando a mulher no papel de cuidadora. Há uma simbologia que traduz que o espaço destinado a ela é o privado, já a construção social que fazemos do homem é de que o lugar dele é na rua, no espaço público. Por isso que nas nossas regras sociais, esses espaços de poder são ocupados, em sua maioria, por homens. Eles foram ensinados e trabalhados para ocuparem os espaços públicos”. Ela ainda citou o contraponto das características atribuídas ao gênero, em que homens devem ser fortes, corajosos e as mulheres frágeis e delicadas. “Nesta hierarquia de características, os homens estão no topo enquanto as mulheres na base e as mulheres negras mais abaixo, numa condição pior. Então, as diferenças de gênero tem produzido desigualdades de gênero e muito frequentemente, também tem gerado violência de gênero”.

Em sua explanação, a militar também falou da amplitude da Lei Maria da Penha, a qual “não trata apenas do campo criminal, é uma lei multidisciplinar, porque trabalha também a assistência social, questões preventivas, de proteção, entre outros aspectos positivos”.

Ainda no princípio do evento, a secretária Luciana Araújo agradeceu a confiança do prefeito Evandro Almeida no trabalho de sua equipe, bem como pelo incentivo às políticas especiais. No evento, foram disponibilizados serviços de saúde, de beleza, do CRAM (Centro de Referência em Atendimento a Mulher), que atua há três anos no município e atende casos de mulheres vítimas de violência doméstica e CRAS Coroado (Centro de Referência de Assistência Social). Também foram disponibilizados serviços do SINE, CEJUSC (Centro de Justiça – antigo Balcão de Justiça), Assistência Judiciária (antiga Defensoria Municipal), do IDJovem para adquirir benefícios do governo federal.

Nas falas das autoridades, além dos já citados, os agradecimentos foram dirigidos à Tatiana de São Bento; ao vereador Venilson Souza Chaves (Cravinho), representando o Legislativo; à secretária de Comunicação Vanessa Dantas; Daoana Sales, representando o secretário de Desenvolvimento Social e Esportes, Aloísio Oliveira; Zezé Oliveira, representando a Ouvidoria e a Secretaria de Turismo, respectivamente nas pessoas de Alberto Jorge Mattos (Beto Maria) e Ússula Flávia; a conselheira da Mulher, Ana Bispo; Débora Nascimento, representando a comunidade LGBT e ao Diácono José Everaldo Bispo Conceição.

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