CAPS Enoque Valentim Filho celebra Dia da Luta Antimanicomial com atividades

Em 18 de maio se comemora o Dia da Luta Antimanicomial. O movimento promoveu mudanças no atendimento aos portadores de transtornos mentais nos serviços públicos que, desde então, passaram a realizar o cuidado não apenas no aspecto psicofarmacológico, mas também com a participação da família, com atendimentos em grupo, oficinas terapêuticas e as demais dimensões psicossociais do cuidado em saúde mental.

São Francisco do Conde foi uma cidade pioneira deste movimento na região do Recôncavo Baiano e, desde 1995, começou a oferecer um espaço de tratamento que visava o acolhimento dos pacientes e familiares. Por isso, os profissionais de saúde mental que atuam hoje no munícipio resolveram lembrar as lutas pelos direitos daqueles que sofrem de algum transtorno mental.

Na manhã da última sexta-feira (18), aconteceu uma palestra e café da manhã no Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Enoque Valentim Filho, que fica na Rua Rodolfo Tourinho e reuniu familiares e usuários da rede.

Muitas famílias se envergonham e querem esconder a pessoa com problema mental e trancá-la. Era o jeito mais fácil, mas nunca foi o melhor. Aqui os pacientes encontram dignidade e acolhimento para se tratar e de fato melhorar”, afirmou Marcos Antônio dos Santos.

O CAPS é um serviço ambulatorial de atenção diária que faz supervisão e regulação da rede de serviços de saúde mental, independente de qualquer estrutura hospitalar. Ele serve para o cuidado, atenção integral e continuada às pessoas portadoras de problemas psicossociais.

Hoje, a violência e problemas causados pela crise, como desemprego e falta de esperança, têm afetado muito o emocional das pessoas. Muitas pessoas apresentam sofrimento mental e, logo após, começam os transtornos, mas o tratamento pode evitar a depressão, síndrome do pânico e outros agravantes. Trabalhamos em rede e em parceria com diversos órgãos que nos indicam pessoas que precisam de ajuda. Problemas como ansiedade, depressão e outros são curáveis e comuns na sociedade, bem como problemas com a menopausa e TPM, e todos podem ser tratados, dando mais qualidade de vida às pessoas”, explicou a assistente social, Veralice Cardoso Campos.

A atividade terminou com uma oficina de suco detox, que ajuda a eliminar as toxinas prejudiciais ao organismo, diminui os sintomas da enxaqueca, aumenta o bem-estar, tem ação termogênica e melhora o sistema digestivo e imunológico.

CAPS vai ganhar nova estrutura:

As obras para construção de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS Enoque Valentim Filho, no bairro do Gurujé, próximo ao Espaço Viver, já foram iniciadas no munícipio, bem como a construção de uma Academia de Saúde, que vai promover atividades e bem-estar para a comunidade. A entrega destes equipamentos está contemplada no Programa de Fortalecimento do SUS na Região Metropolitana – PROSUS.

O PROSUS contemplará 13 munícipios, com investimentos nas redes de Atenção Básica, psicossocial, urgência e emergência e na Rede de Atenção Materna e Infantil.

O novo espaço em construção terá uma estrutura com sala de atendimento para serviço social, psicologia, atendimento psiquiátrico, acolhimento e triagem, além da farmácia e salas de reunião e atividades em grupo. 

A História da Saúde Mental no município

Em São Francisco do Conde, as ações de Saúde Mental iniciaram em 1995, com a criação de um ambulatório de psiquiatria, na então Unidade Mista de Saúde Célia Almeida Lima, hoje, o Hospital Docente Assistencial Célia Almeida Lima.

A assistência foi iniciada pelos médicos Joaquim Neto e Márcia Regina que, na época, eram residentes em Psiquiatria no Hospital Juliano Moreira. Com o tempo, foram agregados à equipe a assistente social Veralice Cardoso e o pessoal administrativo: Lúcia Regina Araújo e Ana Maria Ferreira. Algumas dessas pessoas integram a equipe até hoje.

A partir de 1997, a grande demanda de pacientes oriundos dos municípios de Candeias, Madre de Deus e Santo Amaro, que na época não contavam com um serviço voltado à Saúde Mental, fez surgir a necessidade de inserir entre as ações já desenvolvidas um Programa de Saúde Mental. E, em 2001, o Governo Federal aprovou a Lei 10.216/2001, que dispõe sobre os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redirecionar o modelo de assistência.

Engajados, a equipe do Programa de Saúde Mental elaborou o Plano Municipal para implantação do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS I, aprovado pela Secretaria da Saúde do Estado. E, em 28 de dezembro de 2010, foi inaugurado pela prefeita Rilza Valentim (in memoriam), o CAPS Enock Valentim Filho (o nome do espaço foi uma homenagem ao irmão da prefeita, que sofria com transtornos psicossociais), onde passaram a acontecer os atendimentos com prioridade aos usuários portadores de transtornos mentais severos e persistentes e também na modalidade ambulatorial, incluindo também usuários de álcool e outras drogas.

Atualmente, o CAPS possui mais de 2.600 usuários cadastrados para acompanhamento, participação em oficinas e uma gama de serviços que visam a reinserção social destes indivíduos e a quebra de paradigmas e preconceitos.

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