Grupos culturais representaram o município franciscano no Festival do Turismo Cultural da Baía de Todos-os-Santos, que aconteceu nesse último fim de semana, em Salvador

O propósito de transformar São Francisco do Conde numa cidade turística – do ponto de vista de ser atrativa para quem chega e um lugar bom de viver para quem mora – tem mobilizado toda uma cadeia produtiva a se engajar em prol de ações que viabilizem esta condição, e, claro, a gestão municipal e o Governo do Estado têm sido parceiros fortes na causa.

Por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR BAHIA), grupos culturais franciscanos foram capacitados e qualificados, o que tem impulsionado a participação de São Francisco do Conde em diversas iniciativas, como a que aconteceu nos últimos dias 30/11 e 01/12, no Passeio Público, em Salvador.

Trata-se do Festival do Turismo Cultural da Baía de Todos-os-Santos – iniciativa que une arte, turismo e, sobretudo, a valorização cultural dos municípios que compõem o Território da BTS (Baía de Todos-os-Santos).

Foram dois dias de evento com palestras, apresentações artísticas, rodadas de negócios, música, artesanato e gastronomia, em que As Paparutas, o Lindroamor Axé e a Casa de Artesanato do Caípe representam o município franciscano.

O espaço foi dividido em sete áreas de convivência:

– Núcleo de Conhecimento, que traz palestrantes especialistas em diferentes temáticas relacionadas ao turismo cultural e náutico, além de redes de cooperação e gestão sustentável dos destinos turísticos;

– Cozinha BTS, com a apresentação de receitas dos grupos produtivos ligados à gastronomia;

– Território BTS, com estandes voltados para a feira de comercialização dos grupos produtivos e da oferta turística nos municípios;

– Tenda Manifestações, com a apresentação de expressões artísticas tradicionais da BTS;

– Espaço Conecte, propício para o relacionamento comercial entre empresários, fornecedores e grupos produtivos dos municípios;

– Quiosque Vivências, com oficinas de percussão e trançado de cabelo afro e outras manifestações culturais;

– Área de Alimentação, com a presença de foodtrucks e quiosques com comidas regionais.

A secretária de Turismo de São Francisco do Conde, Ússula Flávia, esteve presente ao evento, representando o prefeito Evandro Almeida, e fez uma análise sobre a ocasião.

Esse é um momento ímpar para o nosso município porque a gente consegue incluir no evento três grupos produtivos, da sede e dos bairros, que são As Paparutas, o Lindroamor Axé e as artesãs do Caípe, isso num contexto de comercialização de todo um legado cultural. Não é apenas a apresentação de uma manifestação, é a manifestação num contexto cultural: o que elas produzem, como produzem, como escoam essa produção, transformando esse momento numa grande vitrine para o nosso município. Então, a gente ‘vende’ o município de São Francisco do Conde e dentro do contexto ‘vende’ também os produtos associados. Esse é o momento da produção associada ao turismo trazer a gastronomia, o artesanato, as manifestações culturais como uma forma de ampliar o período de estadia dos nossos visitantes em nossa cidade. Eles não vão apenas visitar os nossos atrativos históricos e artísticos, mas vivenciar um pouco da nossa cultura“, destacou a gestora.

Acompanhada da secretaria Ússula, estiveram Gleice Macedo  – diretora de Turismo e Alice Maria – coordenadora de Informações Turísticas, ambas da SETUR.

Na oportunidade, Ússula também concedeu entrevista para a equipe da BTS.

Durante a abertura do Festival do Turismo Cultural da Baía de Todos-os-Santos, autoridades foram presenteadas com peças produzidas por artesãs de São Francisco do Conde.

André Reis, representando o IPAC (Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia), agradeceu e discorreu sobre o simbolismo do ato, bem como sobre a importância da cultura popular. “É importante reforçar que falar da Baía de Todos-os-Santos é falar do Recôncavo Baiano e o Recôncavo Baiano tem esse recorte, exatamente porque trata-se da história e da identidade do povo baiano e do povo brasileiro. Então, um evento como esse, que traz o Recôncavo, a Baía de Todos-os-Santos como foco, destacando os dezoito municípios que compõem essa região, sendo esta a segunda baía maior do mundo, é colocar em destaque as culturas identitárias e o povo desses lugares, o que sem dúvidas é essencial. E quando a gente recebe aqui um presente como esse, só mostra essa riqueza, que hoje faz com que se perpetue e se continue um trabalho identitário, e de valorização, principalmente, da cultura popular, porque é ela que está de pé ali, ela resiste, seja o samba de roda, a capoeira, o maculelê, o povo de santo, e isso é imaterialialidade, é o que está vivo e faz tornar o Recôncavo e a Baía de Todos-os-Santos o que exatamente é“.

Questionado sobre a relevância da Feira de Turismo Cultural da Baía de Todos-os-Santos* para os municípios que a compõem, o secretário de Turismo do Estado da Bahia, Fausto de Abreu Franco, brincou com a secretária Ússula Flávia sobre a espera de um convite à São Francisco do Conde, e fez um comparativo sobre as ações da sua pasta à de obras.

Eu tenho que dizer logo que adoro São Francisco do Conde! Para gente é muito importante esse evento de fomento para a Baía de Todos-os-Santos, porque temos um potencial absurdo ainda não explorado. Cada município com suas particularidades, com sua cultura, sua arte, sua culinária, mas, o mais importante, com seu povo, que é único. Se a gente puder qualificar essas pessoas, porque não adianta o Estado fazer apenas a estrutura náutica, atracadouro, marinas […], se a gente não colocar dentro das pessoas a importância de tratar bem o turista, de se qualificar, de ter equipamentos como pousadas, restaurantes, centro de artesanato, oficina para conserto de barcos, de termos segurança, o turista não volta! Pelo contrario, se tivermos tudo isso, as pessoas irão voltar e por mais vezes, vão divulgar e atrair outras pessoas, e nisso todo mundo ganha. Então, eu acho que hoje a gente deu um grande passo. Eu sempre digo que o trabalho que fazemos é silencioso, mas de vital importância, tão quanto ou mais importante que as obras em si”, disse o gestor enquanto visitava o stand de São Francisco do Conde.

Em companhia do secretário estadual, Fausto Franco, durante receptividade, a secretária de Turismo de São Francisco do Conde, Ússula Flávia, respondeu sobre a emoção do momento, iniciativa a qual teve também sua participação, quando trabalha para o Governo do Estado.

Essa é a nossa missão: estruturar a atividade turística para que ela se consolide, de forma que o turista venha e ainda possa voltar outras vezes, e ainda trazendo outras pessoas. Esse trabalho com o Governo do Estado tem sido de suma importância e eu fico muito feliz de ter participado da concepção do PRODETUR, ainda quando fui da SETUR, e vendo agora tudo acontecendo, vejo também como Deus é gracioso e os orixás também, porque tirar do papel é o grande momento! É tão importante essa iniciativa, pois possibilita a integração dos municípios e dinamiza uma região belíssima, que é a Baía de Todos-os-Santos, lugar onde não há nada igual“.

Agregar identidade própria, faz toda a diferença em cada produto. E foi sobre essa temática que a secretária Ússula Flávia discorreu durante o Festival de Turismo Cultural da Baía de Todos-os-Santos, juntamente com Áurea Stella, do grupo cultural Lindroamor Axé – que tem como materia-prima para os produtos que confecciona, a bananeira.

O grande desafio é o que oferecer da identidade do município, porque quando a gente procura matérias-primas que têm a origem no município, a gente começa a criar essa identidade e você envolve mais pessoas com outros elementos que vêm a remeter à cultura local e a gente consegue fazer dessa atividade da arte, da cultura, uma maneira de incluir a comunidade, porque a inclusão também tem de ser econômica, se não, não se sustenta“, disse.

“Eu vejo que além disso tem que trazer empreendedorismo, porque nós mudamos completamente os produtos por conta disso. Os nossos produtos, que vão desde jogo americano a porta-talher, nos permitem vender bem. Eles são é feitos da banana, customizados e com identidade própria”, relatou Áurea Stella, mais conhecida como Telinha.

No contexto da preparação, Telinha revelou que Nem sequer conseguiu dormir. “Pra lhe ser sincera, eu não dormi, amanheci o dia trabalhando, focando nos detalhes que estavam faltando ou precisando melhorar, e olhe que eu já tenho 20 anos nesse trabalho com a bananeira e o artesanato, o qual eu conheci por meio de um programa de TV. Nele, mostrava os homens que retiravam as bananas dos troncos para vender e as mulheres que reaproveitavam aquele material para produzir peças de utilidade para animais. Então, pensei logo em fazer uma bolsa e foi esse meu primeiro produto. Hoje tô trabalhando com a bananeira junto às mães da APAE, os pacientes do CAPS, do CRAM, de forma a contribuir para renda dessas pessoas e autoestima também. Tem ainda p trabalho que fazemos dentro do terreiro, pois lá não é um espaço apenas religioso, é também um espaço produtivo, de empoderamento, social, de empreendedorismo e que faz a diferença na vida de cada uma de nós“.

De acordo com Telinha, que fez questão de dizer que era não só artesã, mas também sambadeira, a gestão municipal tem contribuído para o fortalecimento das ações do grupo. “Temos tido muito apoio da Prefeitura, por meio da Secretaria de Turismo e de Cultura. Hoje os artesãos têm suas carteirinhas da atividade profissional, a gente ajuda levando eles, tem as capacitações e isso é muito importante para nossa manutenção, só tenho a agradecer a gestão“.

Isso que temos aqui tem a mão de cada pessoa da comunidade. Tem gente da Baixa Fria, gente de São Bento, Ilha do Paty, Caípe […], como atuo em várias comunidades, eu consegui trazer várias pessoas para esse projeto, não só o Lindroamor“, relatou Áurea.

Só o Lindroamor contabiliza 30 mulheres trabalhando com o artesanato, tendo a bananeira como materia-prima.

Altamirando de Amorim, coordenador do grupo As Paparutas, falou em nome todos.

Tivemos o privilégio de sermos selecionados, dentro de tantos grupos que gostariam de estar aqui, é nos tivemos essa sorte de estar entre os 40. O projeto buscou fazer uma capacitação para todos esses grupos que hoje estão aqui representando e representados, e é realmente um projeto muito interessante. Aqueles que souberem aproveitar vão tirar bastante proveito. À meu ver, entendo que tudo que um grupo precisa para que evolua, o projeto proporcionou, em termos de capacitação. E hoje, nesse ato de culminância, estamos fazendo aqui o que sabemos de melhor“.

Sobre a apresentação das belas mulheres do Paty, Sr. Altamirando destacou que “As Paparutas da Ilha do Paty é um grupo bonito de se vê e gostoso para se comer, pois, após a apresentação, sempre tem os tradicionais pratos de caruru, moqueca, vatapá que são servidos para o público por suas bailarinas“. E disso ninguém teve dúvida!

Representando as artesãs do Caípe, Vera Lúcia fez seus agradecimentos.

Essas oficinas foram de suma importância pra gente, elas aconteceram na Casa do Artesanato, lá em Caípe mesmo. O nosso contato com os oficineiros ajudou com o desenvolvimento da cotação de preços, formalização dos materiais do artesanato, entre outros aspectos. Recebemos palestras e também tivemos uma grande participação de Gabriela, responsável pela capacitação com o grupo, em desenvolver a arte do crochê. O escoamento das produções foi outra ação realizada que veio a somar, e que muito nos ajuda. Sem dúvidas, essa feira contribui na divulgação da nossa arte e dá mais visibilidade ao grupo. Aproveito para agradecer a gestão municipal por todo o apoio, por ter encaminhado à equipe do PAT para estar conosco, vez que fomos privilegiados com a seleção, entre 40 grupos que estavam disputando para fazer parte do programa“.

O Festival do Turismo Cultural da Baía de Todos os Santos foi uma realização do Governo da Bahia, através da Secretaria de Turismo – SETUR e do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID, por meio do Programa de Desenvolvimento do Turismo Bahia (PRODETUR), com realização do Consórcio PAT BTS, constituído pelas empresas DAVENTURA e GKS Inteligência Territorial.

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