História do Samba Chula será contada em documentário produzido pelas secretarias de Comunicação (SECOM) e de Cultura (SECULT) de São Francisco do Conde

Com o intuito de preservar a cultura franciscana, mantendo a história do Samba Chula, um gênero musical brasileiro, patrimônio oral e imaterial da humanidade, a Prefeitura de São Francisco do Conde, através das secretarias municipais de Comunicação (SECOM) e de Cultura (SECULT) está realizando a gravação de um documentário, cuja primeira etapa aconteceu no último sábado (13), sobre as memórias e as tradições desse gênero secular que reflete a força do povo franciscano.

A coleta das imagens e informações irá se configurar como material de preservação e divulgação dos grupos culturais de samba do município, a exemplo do Samba Chula Filhos de São Francisco, do Samba Raízes de São Francisco, do Samba Chula Mirim Flores da Pitanga, do Samba Chula Renovação, do Samba Chula Os Filhos de Zé, do Samba Chula Poder do Samba, do Samba Chula Filhos da Pitangueira, do Samba Amigos do Samba, do Samba Raízes do Monte, do Samba Raízes de Angola, do Samba de São Gonçalo, do Samba Coral das Marisqueiras, do Samba de Roda Filhos de Zezinho e Sua Gente, do Samba Criola, do Samba Batuque de Negro, além da manifestação cultural As Paparutas.

O documentário conterá ainda depoimentos emocionantes sobre a vida e a obra dos mestres cantadores de chula e tocadores de viola, os quais irão enriquecer mais o portfólio desses grupos culturais de São Francisco do Conde – uma cidade exuberante em sua história que, sem dúvidas, integra grandes riquezas culturais às origens do Recôncavo, da Bahia e do Brasil.

A segunda etapa das gravações ocorrerá em 27 de abril, quando os grupos de samba corrido farão sua contribuição para o segmento local.

O QUE É O SAMBA CHULA?

No samba de roda existem muitas variações das cantigas, que recebem nomes diferentes, a depender do local. Na ilha, em Salvador e municípios próximos, predomina o samba corrido e as influências urbanas. O samba chula característico, também chamado samba de viola e samba amarrado, se encontra na antiga região da cana, que abrange São Francisco do Conde, Terra Nova, Maracangalha, Teodoro Sampaio, Saubara, Santiago do Iguape e principalmente Santo Amaro. Uma dupla de cantadores canta a chula e a outra dupla, reforçada pelo coro das mulheres, responde com o relativo – um verso menor que “arremata” a chula. Nessa hora, ninguém entra na roda para sambar, esperando os homens terminarem de cantar e começar a parte instrumental com solos de viola e da percussão. A sambadeira agora samba com passos miudinhos, “peneirando” e percorrendo a roda toda até dar a umbigada noutra sambadeira, que espera a próxima chula cantada.

As chulas são miniaturas poéticas que tratam dos assuntos da vida, contando pequenas histórias, relatando conflitos e as complicações da paixão, retratando aspectos do cotidiano e dando conselhos, alertas e “sotaques” para quem precisa ouvir. Os grandes temas cantados são ligados ao universo amoroso, ressaltando a visão do homem sobre a mulher, assim como sobre o próprio samba; os acontecimentos na roda; e o papel da viola, por estabelecer uma ligação forte entre os homens tocando e as mulheres sambando. Muitas chulas retratam a vida do trabalho na roça, no canavial, no mar e no mangue, às vezes com uma conotação do sofrimento, do “penar” que remete aos tempos da escravatura. Em contraste com o lado pesado da vida, estão as chulas lúdicas e eróticas, contando piadas e conselhos irônicos, pequenas parábolas, satirizando situações sensuais e tragicômicas da vida. Outro aspecto é a vida religiosa que se revela nas chulas que cantam os santos católicos e mais os orixás e os caboclos nas religiões afro-brasileiras, muitas vezes falando em metáforas.

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