Oficina Formacional de Educação Afro-Brasileira é realizada na SEDUC

A semana da Consciência Negra já passou, mas na gestão Evandro Almeida sempre é momento de fomentar práticas de empoderamento contra o racismo. Assim, aconteceu nesta terça-feira (26), no auditório 02 de julho/SEDUC, uma Oficina Formacional de Educação Afro-Brasileira com a Prof. Dra. Claudilene Silva, docente da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – UNILAB. 

A ação da Secretaria da Educação – SEDUC é fruto de uma articulação da Gerência de Educação Escolar Quilombola e do Núcleo de História e tem por objetivo desenvolver o sentimento de pertencimento, além de romper com o paradigma eurocêntrico e a tentativa do processo de branqueamento dos afrodescendentes. ”Na busca da desconstrução desse  processo, profissionais da Rede Municipal de Ensino foram convidados para serem agentes transformadores dessa ação nas unidades escolares”, informou a gerente de Educação Quilombola Elizangela de Jesus dos Santos.

A oficina Currículo e Prática Pedagógica em História e Cultura Afro-Brasileira é resultado da tese de doutorado da professora Claudilene Silva, que virou o livro A volta inversa na árvore do esquecimento e nas práticas de branqueamento. ”Trago duas experiências que aconteceram em uma escola de São Paulo e em outra de Salvador, de como essas unidades escolares estruturaram o currículo na temática de História e Cultura Afro-Brasileira”.

”A nossa conversa não é só para as escolas, não é só para o professor, mas para a sociedade como um todo. Não fomos ensinados a lidar com a diferença“, reiterou. ”Nossas relações se organizam a partir da colonialidade do saber, que atesta como verdadeiro apenas o saber europeu. A experiência europeia foi tida como a única válida, mas não é a única e nem a mais importante”. A professora ainda disse que até os 20 anos não sabia o que era universidade. ”A gente ia trabalhar e estava tudo certo, até que nos movimentos sociais por onde passei fui aconselhada a ir para a universidade”.

Dentre os conceitos trazidos, foram abordados: a raça como variável que está estruturando nossas relações; a raça como construção social; a ideia de inferioridade do negro; diferença e desigualdade; negação e invisibilidade; e racismo anti-negro.

 ”Precisamos ter um olhar diferenciado para esses alunos, para que eles possam buscar os seus espaços. Que esse reconhecimento não fique só no papel! Hoje temos motivação e conhecimento e precisamos ocupar os espaços de privilégio, que são, na verdade, de direito. O papel do educador é para isso de vital importância”, declarou a gerente de Educação Quilombola. Elizangela ainda lembrou que as meninas sofrem três vezes mais, por serem negras (questão de raça), menina (questão de gênero) e pobre (questão de desigualdade social).

Segundo o professor José Marcelo, integrante do Núcleo de Estudos em São Francisco do Conde, que se reconheceu como negro quando já tinha 21 anos de idade, ”nossa identidade precisa ser reforçada diariamente, por isso é tão importante trabalhar os conceitos de ancestralidade e identidade na sala de aula”. 

Outro ponto levantado durante a oficina foi o da escola como veículo de mobilidade social e discriminação. Nesse contexto, o preconceito e a discriminação foram vistos como motivadores da evasão escolar das pessoas negras. Na mesma perspectiva,  foi ressaltado o papel da professora/professor na construção da identidade positiva das crianças negras.

”Por que a população negra não aparece no livro didático?”, questionou a professora Claudilene. ”Não devemos deixar de usá-lo, porém é preciso fazer a crítica. Não podemos ficar reféns, mas saber que ele não é a única estratégia de aprendizado.  A conscientização é um processo longo e quanto mais a gente percebe a nossa condição de mulheres e homens negros, mais teremos condição para não deixar passar situações de racismo”.

Além de representantes das unidades escolares e de membros da SEDUC, a formação também contou com a participação de estudantes de Pedagogia da UNILAB.

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