Representantes do Poder Público e de diversas entidades discutiram em São Francisco do Conde sobre os “Desinvestimentos da Petrobras na Bahia: Desafios e Perspectivas para a Região Metropolitana”

A Prefeitura de São Francisco do Conde, por meio das secretarias municipais de Governo (SEGOV), de Desenvolvimento Econômico (SEDEC) e de Planejamento (SEPLAN), realizaram na quarta-feira (13), no plenário da Câmara de Vereadores, o Seminário “Desinvestimentos da Petrobras na Bahia: Desafios e Perspectivas para a Região Metropolitana”.

Fazendo a abertura do seminário, o prefeito de São Francisco do Conde, Evandro Almeida, deu boas-vindas ao público e as autoridades presentes e abordou as dificuldades que o município vem passando diante dos desinvestimentos da Petrobras. “Estamos vivendo um momento muito delicado em nossa cidade e em todo país. A nossa missão é deixar uma cidade melhor para as futuras gerações. Estamos aqui preocupados com relação ao nosso município que, diante desses desinvestimentos, tem sido afetado diretamente. Continuaremos juntos, lutando pelo desenvolvimento da nossa cidade e pela dignidade do nosso povo”.

Da mesma preocupação comungou o vice-prefeito Carlos Alberto Bispo Cruz (Nem do Caípe). “São muitas as dificuldades, sobretudo, com relação a refinaria. Temos visto desinvestimentos e perdas para o nosso município. Não temos acesso às informações sobre essa nova política da Petrobras e isso nos preocupa muito, porque a nossa cidade já tem sido afetada com essas medidas”.

O presidente da Câmara de Vereadores, Antônio Santos Lopes (Pantera), também enfatizou as mesmas questões. “Todo e qualquer desinvestimento representa uma perda muito grande para São Francisco do Conde, para Região Metropolitana e toda Bahia. Estamos aqui tratando de uma questão que nos afeta diretamente. Temos visto ações do Governo Federal de desinvestimento na Petrobras e os seus devastadores efeitos já nos afetaram em diversas áreas, na geração de empregos, nos projetos sociais, em todas as políticas públicas. Conclamo todas as autoridades para juntos lutarmos, pois unidos somos fortes”.

Na ocasião, o prefeito de Madre de Deus e presidente do Consórcio SOMAR, Jeferson Andrade, abordou em seu pronunciamento a relação entre as prefeituras e a Petrobras. “Temos uma grande dificuldade em obter informações sobre quaisquer decisão tomada pela Petrobras, nos mais variados assuntos”.

O secretário de Governo de São Francisco do Conde, Eliezer de Santana, destacou a importância do seminário, da união dos representantes da Região Metropolitana, prefeitos, vereadores e, sobretudo, do Governo do Estado, para que juntos possam lutar pelos direitos dos trabalhadores e pelo desenvolvimento das cidades que dependem da RLAM para a complementação da sua receita. “Essa é uma preocupação do nosso prefeito e do nosso vice-prefeito, saber como será daqui a alguns anos”. Essa indagação também norteou o raciocínio e a verbalização da secretária de Planejamento do município franciscano, Silmar Carmo, que demonstrou muita apreensão com relação a execução das políticas públicas que já foram e/ou estão sendo planejadas em benefício da população e da cidade como um todo.

No transcorrer do seminário, a ausência de um representante da Petrobras na composição da mesa foi duramente criticada nas falas que se sucederam. Sobre essa ausência, o secretário de Governo, Eliezer de Santana, fez a leitura de um ofício encaminhado pela Petrobras, após feito o convite para que um representante da instituição se fizesse presente ao seminário. Dentre as considerações feitas pelo órgão em resposta ao convite do poder público municipal, estava a proposta de uma reunião, no estado do Rio de Janeiro, entre o gerente executivo da Petrobras e os representantes dos poderes municipais, para que obtivessem mais esclarecimentos sobre as novas estratégias da Petrobras.

Diferente da falta de posicionamento e informações advindas da Petrobras, a diretora do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Ana Jorgina, levou ao plenário da Câmara de Vereadores e para a ciência de todos os presentes, dados que refletem a conjuntura do atual momento de preocupação, onde no ano de 2014, a RLAM correspondia por 12% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado. Segundo dados da Coordenação de Contas Regionais da SEI, estima-se que hoje a participação da mesma seja de apenas 2%.

O diretor de Assuntos Institucionais da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Barcelar, foi enfático ao se posicionar com relação ao ofício enviado pela estatal. “É inadmissível que a Prefeitura receba um ofício como esse. Um desrespeito total de uma empresa que é pública, uma estatal que deve explicação sim a São Francisco do Conde, a Madre de Deus, a Candeias e a toda região, principalmente as que compõem o Consórcio SOMAR. Deixo aqui uma sugestão, não só ao prefeito Evandro Almeida, mas também ao presidente do Somar e prefeito de Madre de Deus, Jeferson Andrade, que esse ofício seja respondido à altura, até porque, o que eles estão planejando atinge de morte as cidades dessa região. Temos aqui um Centro de Defesa Ambiental que está instalado em São Francisco do Conde e eles estão querendo desativar, assim como outros pelo Brasil, e isso afeta diretamente as cidades que sobrevivem da atividade do petróleo, mas também da atividade de pesca e marisqueiros e marisqueiras que atuam na cidade. Por isso, é importante uma reposta bem feita e direcionada à gestão atual do sistema da Petrobras. Sem dúvida alguma, privatizar faz mal ao Brasil, sim! Se a Petrobras, que é uma empresa estatal, for privatizada, os lucros que a empresa gera que iriam para a união, para os estados e por tabela para os municípios, irão, após a privatização, para os acionistas que, em sua maioria, moram no exterior, fazendo com que as riquezas que deveriam ficar aqui no nosso país vá para outros países. Estamos falando da refinaria, do terminal de Madre de Deus, dos terminais terrestres que vão até Jequié/Itabuna e de todo o sistema logístico que está ligado à refinaria e ao terminal de Madre de Deus, tudo isso está à venda, então os lucros que são gerados a partir desses ativos serão transferidos para o capital privado, se a privatizar vier a acontecer. Isso representa um prejuízo muito grande e imediato para São Francisco do Conde, para a Bahia e para o Brasil”, enfatizou.

Apresentado esse cenário, a secretária de Desenvolvimento Econômico de São Francisco do Conde, Ana Christina de Oliveira, que sempre esteve à frente dessa luta contra a privatização, relembrou a realização de uma Audiência Pública há um ano, onde foi pautado há época a redução da produção da RLAM e a possível privatização, medida que está a cada dia mais próxima de ser tornar uma realidade. “Com as mudanças que foram provocadas ao longo do tempo mudou totalmente o cenário, sobretudo com relação a empregabilidade na refinaria. Em São Francisco hoje temos mais de 1.300 montadores de andaime e, nessa nova Parada a empresa chamou apenas 16, então, como você tem mais de mil e convoca menos de duas dezenas e deixam as pessoas felizes? Isso é muito complicado! Pois, essa mesma refinaria já abrigou 12 mil pessoas quando esteve em plena atividade, é isso que as pessoas precisam entender, que existe sim um esforço de correr atrás e discutir essas intermediações, é que o cenário mudou. É preciso entender que sem conhecermos o plano de venda, o que nos espera lá na frente, essa discussão vai além desse momento”. Em seguida, a gestora municipal de Desenvolvimento Econômico discorreu de forma objetiva as questões pautadas, as expectativas e os encaminhamentos necessários.

Além das autoridades supracitadas no decorrer da matéria, compuseram a mesa e participaram desse momento importante para São Francisco do Conde e região, os vereadores Venilson Souza Chaves (Cravinho), Sônia Batista e Edcarlos de Almeida Vasconcelos (Pita de Gal), além do ex-gerente geral da Refinaria Landulpho Alves Mataripe (RLAM), José Eduardo Lima Barreto, que discorreu sobre a atual situação da empresa e o seu futuro “desconhecido”.

Encerrando o seminário, o prefeito Evandro Almeida agradeceu, mais uma vez, a presença e a participação de todos os presentes, enfatizou a importância da união do Consórcio Somar e que, mediante o ofício enviado pela Petrobras, irá se reunir e dirigir-se posteriormente ao Rio de Janeiro para esclarecer o que de fato ronda as novas estratégias referentes à Petrobras. “Continuaremos firmes e lutando pela nossa cidade, pelo nosso povo!”, finalizou o gestor.

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